Onde Vamos nós Parar?

22-02-2012 13:42

Este próximo texto é o início de um conto - espero que gostem.

“Era um país perigoso. Agora mais que nunca. Todos os dias mortes, raptos e atentados inundavam o telejornal. Parecia que jamais ia acabar. Não valia sequer tentar ver notícias pois cerca de oitenta por cento do telejornal eram sobre crimes cometidos e cujos assassinos andavam à solta e ilesos e os restantes vinte por cento falavam de política. Ufa! Nunca tinha visto pessoas tão contraditórias, tão mentirosas na minha vida. Todos os dias apareciam na televisão, discursavam e mentiam uma vez mais. “Vamos diminuir a pobreza!” diziam, mas na verdade iam cortar a isenção aos idosos. “Não vamos aumentar os impostos” prometiam antes de serem eleitos e “ não vou fazer coligação caso não obtenha maioria absoluta”. Verdade que se lhe diga, assim que revelados os resultados das eleições partidárias para primeiro-ministro lá vinha a coligação PSD-CDS para assegurar a maioria absoluta e consequentemente o poder total em Portugal com o Primeiro-ministro e Presidente da República do PSD. Primeira semana do PSD como Primeiro-Ministro... Impostos aumentados, promessas que o IVA ia aumentar…Curioso não é? Claro que a seguir todos os comentários dos restantes partidos os acusaram do que também eu agora os acuso mas, será que se esses partidos estivessem no Governo não fariam o mesmo? Ora pensemos…
Há um ano atrás o PS estava como Primeiro-Ministro. Também muitas asneiras cometeram como todos, mas, como sempre fui PS darei a minha graça aqui. Sim, cometeram erros mas quando o PS falou de um novo PEC, o quarto, o que fizeram os restantes partidos? PSD, BE, CDS, PEV…, rejeitaram-no para ver a demissão do Primeiro-Ministro do PS. Estavam fartos de PEC’s, diziam. Até aqui tudo bem. Mas é então que o FMI (Fundo Monetário Internacional) entra em Portugal.
Curioso dos curiosos, as medidas que propuseram baseava-se inteiramente no PEC 4 tão prontamente rejeitado. Ora daí uma pessoa pensa o óbvio : rejeitaram-no para que o Primeiro-Ministro fosse embora. E assim foi.
O que acho mais graça: o novo Primeiro-Ministro, o do PSD quer privatizar escolas e hospitais e as pessoas concordam! Que indecência!
Aposto o que quiserem como metade dos votos no PSD foram votos de vingança para o PS. Não querem o PS de novo então votam no PSD. Ainda hoje ouvi num daqueles debate por linha telefónica, um senhor ligou para lá e disse “Sou uma das razões para o senhor do PSD estar aí, mas eu não votei nele, eu votei contra o PS”. Desculpem, mas eu acho extremamente errado!
No entanto o meu pai disse-me no outro dia que, apesar de nunca ter sido feito, o povo pode mandar o governo abaixo. Se metade dos serviços não funcionar por greve haverá novas eleições. Prático, não é? Mas para quê pedir novas eleições se apesar do que digam fora do Parlamento assim que lá chegam todos ficam diferentes? Só falam para serem eleitos.
Muitas vezes tentava imaginar aonde íamos nós parar, com tanta corrupção, tanto crime, tanto atentado à vida... Longe iam os dias quando, caso  alguém se atirasse à namorada(o) dava-se lhe um murro . Agora deixa-se passar, chegasse a casa pega-se numa arma e mata-se o rapaz. O assassino é posto em prisão preventiva, vai a juiz e é solto com pena suspensa. Isto admite-se?
Porque não pensam os políticos no povo? Sim, há crise. Mas porquê tornar os pobres mais pobres e não os ricos em “médios”? Porque não diminuir os ordenados dos políticos e os dos padres? Porque raio os padres têm de ter salário? Não são seguidores de Deus? Devem viver como Jesus viveu, na pobreza. Mas não, vivem melhor que os “pobres” que sempre trabalharam.
Há prisões cujas instalações são melhores que uma casa, com recreio, comida sempre às horas das refeições, banho, dormida… Há pouco tempo vim a descobrir inclusive, que há prisões-escola que têm televisões e playstation nas celas, para evitar motins. Há pessoas que nem as condições de vida básicas têm.
Mas para a população está tudo bem. Andam para aí, calados como se vivêssemos no paraíso, a viver a sua vida e a trabalhar. Cada vez há mais desemprego, pessoas que “não conseguem arranjar emprego” dizem. Não é verdade. Se forem a ver, há muita gente que não trabalha porque não quer. Se eu não trabalhasse, estivesse em casa e fosse ao café e recebesse, digamos, 300 euros e aparecesse um trabalho onde recebia salário mínimo, trabalhasse das nove às cinco ou por turnos, o que acham que iria preferir? Ficar em casa ou trabalhar no duro? Eu, sendo eu própria, trabalharia na primeira oportunidade que aparecesse, conforme as condições claro. Se eu fosse eleita primeira-ministra…”
-Filha o Diogo está lá em baixo a chamar por ti!
Lentamente deixei de escrever no computador e endireitei-me. Por hoje chegava. O trabalho de Filosofia teria de esperar pois agora era altura de me afastar do stress da escola, dos problemas do país, de teses e conclusões e opiniões e dedicar-me à minha vida pessoal, aproveitar a vida.